domingo, 31 de agosto de 2014

Dyckia strehliana H. Büneker & R. Pontes

O gênero Dyckia é constituído por ervas geralmente rizomatosas de porte variado. Suas folhas são densamente rosuladas, não formando cisternas, as bainhas são, na maioria dos táxons, amplas e carnosas com lâminas triangulares, carnosas, geralmente espinhoso serradas e rígidas. As inflorescências se originam lateralmente e são racemosas variando de amplamente paniculadas a simples e as flores, em relação a cor, em geral variam de amarelas a vermelhas (Reitz 1983, Forzza 2001).
Dyckia é composto por cerca de 200 espécies encontradas como saxícolas ou terrícolas na América do Sul, especialmente no Brasil central, sudeste e sul, mas também na Bolívia, Paraguai, Argentina e Uruguai (Forzza 2001, Reitz 1983, Smith & Downs 1974). 
Dentre os gêneros de Bromeliaceae ocorrentes no Rio Grande do Sul (Brasil), Dyckia é o que possui a maior diversidade específica, sendo citadas, até o momento, 28 espécies, destas 17 são conhecidas apenas para Rio Grande do Sul, sendo possivelmente endêmicas do estado, e várias foram recentemente descritas (Strehl 2004, 2008, Forzza et al. 2010), incluindo Dyckia strehliana (Büneker et al. 2013).
Algumas das espécies sul brasileiras de Dyckia são reófitas, configurando-se como plantas confinadas às margens de córregos e rios de fluxo rápido e sujeitas à ação de inundações frequentes (Van Steenis 1981, Klein 1979). Entre elas, ocorrem na região sul do Brasil D. brevifolia, D. distachya, D. ibiramensis e D. microcalyx var. ostenii (Klein 1979, Forzza 2005). Investigando aspectos ecológicos de representantes da família Bromeliaceae do Alto
Uruguai, no Parque Estadual do Turvo, Winkler & Irgang (1979) descrevem o hábito de uma dessas espécies, D. brevifolia, que ocorre, segundo esses autores, sobre bancos basálticos às margens do Rio Uruguai, constituindotufos hemisféricos de até meio metro de altura. As espécies reófitas de Dyckia são restritas a estes ambientes peculiares e são consideradas ameaçadas de extinção pois suas populações vêm sendo severamente reduzidas devido a construção de represas, gerando uma série de discussões entre ambientalistas e órgãos governamentais, sendo exemplo o caso de D. distachya em Santa Catarina (Wiesbauer 2008, Prochnow 2005).
Dyckia strehliana foi descrita em 2013 e o epíteto específico presta homenagem póstuma à taxonomista, especialista em Bromeliaceae, Teresia Strehl, pesquisadora do Museu de Ciências da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul e autora de grande número de espécies desta família para o Rio Grande do Sul. 


Teresia Strehl

Dyckia strehliana é encontrada exclusivamente como reófita, saxícola em margens rochosas basálticas do rio toropí, sendo considerada endêmica da região central do Rio Grande do Sul (Brasil), ocorrendo nos municípios de Júlio de Castilhos e Quevedos, formando touceiras hemisféricos de até 40 cm de altura ficando submersas em períodos de cheias.
Morfologicamente, D. strehliana possui afinidade com D. brevifolia (sensu Wiesbauer 2008) e D. distachya (sensu Smith & Downs 1974).


Touceiras hemisféricas de Dyckia strehliana


Hábito de Dyckia strehlina em floração às margens do rio toropi


Hábito reofítico de Dyckia strehliana








Holotypus de Dyckia strehliana depositado no herbário HDCF 
Holotypus (segunda parte) de Dyckia strehliana depositado no herbário HDCF 

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